quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Cintra, amena estância,
Throno da vecejante primavera,
Quem te não ama?
Quem em teu recinto?
Uma hora de vida lhe ha corrido,
Essa hora esquecerá?

Almeida Garrett

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quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Efemérides de hoje...

A 29 Agosto de 1891 faleceu, na sua casa de Sintra, José Maria Latino Coelho.
Latino Coelho foi General de Brigada do Estado-Maior de Engenharia, Ministro da Marinha, sócio efectivo e secretário perpétuo da Academia Real das Ciências de Lisboa, lente na Escola Politécnica, vogal do Conselho Geral de Instrução Publica, deputado, Par do Reino, jornalista e escritor.
Latino Coelho era ainda Comendador da Ordem de Cristo, Grã-cruz da Torre e Espada e de Nossa Sr.ª da Conceição.


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sexta-feira, 24 de agosto de 2007

"Retalhos da Vida de Um Médico"

O mundo está cheio de grandes canções… mas há aquelas que nos marcam indelevelmente.

Recordo-me bem de ouvir esta canção na televisão… tinha eu cerca de 5 anos. Na altura não compreendia as palavras, não tinha lido a obra… hoje é diferente. É uma das vantagens que a idade nos oferece!

“Retalhos da Vida de Um Médico” é uma obra notável da literatura nacional, autobiográfica, um retrato da vida em meados do século XX no Portugal profundo. Fernando Namora, escritor, médico, lavrou-a tendo em conta a sua própria vivência e experiência…

Não menos notável é o poema de José Carlos Ary dos Santos, magistralmente musicado por Tozé Brito e interpretado pela voz maior de Carlos do Carmo, que serviu de tema genérico à série da RTP com o mesmo nome.

Quando leio estes versos, imagino Fernando Namora a percorrer as “serras, veredas, atalhos, fragas e estradas de vento” de Monsanto e da Beira Baixa…

Serras, veredas, atalhos,
Fragas e estradas de vento,
Onde se encontram retalhos
De vidas em sofrimento

Retalhos fundos nos rostos,
Mãos duras e retalhadas
Pelo suor do desgosto,
Que talha as caras fechadas

O caminho que seguiste,
Entre gente pobre e rude,
Muitas vezes tu abriste
Uma rosa de saúde

Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão

As vidas que defendeste,
E o pão que repartiste,
São água que tu bebeste
Dos olhos de um povo triste

E depois de tanto mundo,
Retalhado de verdade,
Também tu chegaste ao fundo
Da doença da cidade

Da que não vem na sebenta,
Daquela que não se ensina,
Da pobreza que afugenta
Os barões da medicina

Tu sabes quanto fizeste,
A miséria não se cura,
Nem mesmo quando lhe deste
A receita da ternura

Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão

As vidas que defendeste,
E o pão que repartiste,
São a esperança que aprendeste
Nos olhos de um povo triste

(José Carlos Ary dos Santos)


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terça-feira, 14 de agosto de 2007

Ermida de São Mamede

Em plenas Festas de São Mamede, que decorrem junto à capela circular de Janas, descobri este texto fantástico sobre a origem desta maravilhosa e única jóia da arquitectura religiosa.


"O sítio de São Mamede de Janas tem uma longa história de sacralidade, remontando as suas origens, pelo menos, ao período de domínio romano, altura em que aqui se terá edificado um primitivo templo. Dessa estrutura restam ainda importantes vestígios junto aos contrafortes do actual templo, mas a identificação nas proximidades de espólio pré-histórico (FERREIRA, 1962, pp.340 e 363) pode fazer recuar ainda mais a cronologia inicial de ocupação do local, assim se confirme esta relação em futuras intervenções arqueológicas.
Os vestígios romanos materiais são pouco relevantes e resumem-se a "restos duma construção baixa, muito grosseira, também de planta circular e constituída por pesados blocos de calcário ligados por argamassa e dispostos de maneira a formarem dois degraus" (IDEM, p.337). No entanto, existem bons argumentos que relacionam esse passado romano com a planta circular do templo (que teria sido, assim, mantida na construção da capela), com a estranha solução "de seis elegantes colunas de fuste liso, de sabor clássico, que se ergue ao centro" (IDEM, p.338) e, ainda, com o aparecimento de algumas sepulturas de inumação nas imediações (IDEM, p.341). No século XIX, o Visconde de Juromenha admitiu a hipótese de aqui ter existido um templo dedicado a Janus (facto que explicaria também o topónimo Janas), mas estudos posteriores sedimentaram a hipótese de se ter tratado de um templo a Diana, pela natural continuidade de culto entre a divindade pagã e o santo cristão (ambos protectores dos animais), pela possível origem do topónimo Janas em Diana (com forma intermédia em Jana, ou Iana) e pela circunstância de os templos romanos dedicados a esta deusa serem de planta circular (IDEM).
Esta hipótese de interpretação (que o autor prudentemente assim cataloga), não foi, até ao momento, confirmada ou rejeitada, pelo facto de ainda não se terem realizado escavações sistemáticas no local. Desta forma, apenas sabemos que, antes da actual capela, existiu um outro templo, cujos indícios materiais e conceptuais apontam para o período romano. Também desconhecemos a evolução do sítio durante toda a Idade Média, sendo certo que ele já existia em 1494, altura em que se refere a ermida de São Mamede.
A actual configuração data da época moderna, provavelmente de finais do século XVI (como se menciona nos Tesouros Artísticos de Portugal, 1978, p.304), ou já do século XVII (como pretendeu CORREIA, 1914, p.212). O carácter erudito da sua estrutura central, circular e formada por colunas italianizantes de fuste liso e capitéis que suportam um tambor que se ergue até ao tecto, fez com que alguns autores sugerissem tratar-se de uma obra devida ao génio de Francisco d'Ollanda, que sabemos ter andado por estas paragens.
Em volta do tempietto, existe o corpo do templo, de planta circular, com banco corrido a toda a volta, interrompido pela minúscula capela-mor, cujo altar é ladeado por ex-votos animalistas. O púlpito, que pretendeu copiar o tempietto, é de 1881. No exterior, sobressai o alpendre (estrutura tão comum nos templos rurais do aro de Sintra), que se adossa a metade da capela e ao qual se acede por duas portas, e os três contrafortes que reforçam a parte mais baixa do monumento.
A ermida é ainda importante de um ponto de vista antropológico, uma vez que, entre 15 e 17 de Agosto, aqui se realiza uma curiosa romaria de pendor rural, que consiste na condução de gado em volta do templo. A tradição impõe que se façam três voltas rituais no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio e, muitas vezes, os seus donos depositam ex-votos no interior, acompanhados de ofertas como trigo, cevada ou azeite (recebendo os animais, em troca, fitas de cores que conservam durante o ano). Esta "troca" devocional continua ainda a verificar-se nos dias de hoje, embora já sem a amplitude de outros tempos, em que chegou a verificar-se a afluência de manadas vindas de uma vasta região que ia de Cascais a Torres Vedras".
(Texto: IPPAR)

Bibliografia:
ALMEIDA, José António Ferreira de, "Tesouros Artísticos de Portugal", Lisboa, 1976
CORREIA, Vergílio, "No concelho de Sintra. Escavações e excursões", O Arqueólogo Português, vol. XIX, Lisboa, 1914
FERREIRA, Fernando Bandeira, "Nótula acerca da ermida de S. Mamede de Janas", Revista de Guimarães, vol. LXXII, Guimarães, 1962
LACERDA, João António de Lemos Pereira (Visconde de Juromenha), "Cintra pituresca, ou memoria descriptiva da Villa de Cintra, Collares, e seus arredores...", Lisboa, 1838

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segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A Festa dos 'Intas' e as recordações Teen

Pois é, meus amigos... pelo terceiro ano consecutivo fui à 'Festa dos Intas' no Maria Bolachas.

Lá vai o tempo em que, nesses dias (no da 'Festa dos Intas' e no da 'Festa dos Entas'), tinhamos que inventar programas alternativos para a nossa noite... na altura éramos novos demais para entrar, agora somos velhos de mais para ir nos dias ditos 'normais'...

Era habitual juntarmo-nos na Casa dos Penedos, propriedade da família de uns amigos e que agora se encontra à venda....

Para recordar... deixo aqui algumas fotos do interior desta maravilhosa obra de arte, da autoria do arquitecto Raul Lino, onde passámos noites bem divertidas, entre copos, conversas e jogatanas de cartas e monopólio. Bons velhos tempos!

(A Escadaria interior)

(Quarto - 1º andar)

(Sala de Jantar - Piso 0)

(Sala de Estar - Piso 0)


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